A Certa Altura...
... de nossas vidas nos
especializamos em esconder nossas frustrações, fingir que elas não existem,
tratar com desprezo tudo aquilo que sempre demos imenso valor, porém não
alcançamos, e supervalorizar aquilo que alcançamos, mas, bem sabemos, não tem lá
grande valor assim.
Agarramo-nos às causas perdidas
porque o fracasso não será nada mais do que o esperado e jamais será
recriminado: pelo menos tentamos...
E o pior, flexibilizamos a moral...
Já não nos incomodamos demais com o que é amoral e até imoral. Aceitamos e até
achamos graça de novelas e situações da vida real que realçam o cafajestismo, a
sem-vergonhice, a charlatanice e proxenetismo... Fora do estupro e da pedofilia,
dentro da consensualidade, não existem padrões sexuais recrimináveis ainda que
autoinfrinjamos os maiores danos.
Fixamos nossos padrões não mais
dentro daquilo que deveriam ser, mas da forma que nos parece mais cômoda; em
outras palavras: baixamos o nível. Já aceitamos qualquer bebida, qualquer
comida, qualquer programa e, em alguns casos, qualquer homem, qualquer mulher...
Com ‘qualquer’ quero dizer, sem toda aquela frescura e exigência de
antigamente...
E conscientizamo-nos de que se não
formos assim, tão elásticos, estaremos fadados a uma existência solitária,
porque assim o mundo trata aqueles que chegam a certa idade: são perfeitamente
dispensáveis de prover a parte moral e, para sermos bastante claros, até a
presencial, isto é, suas presenças não são necessárias e, em alguns casos, até
indesejadas: quem é esse cara que vem nos impor moralismo e comportamento com sua
presença?
Velhos só são benvindos alegres,
sorrides e... Bobos! Acríticos... Preferencialmente em festinhas de neto e
bisnetos (só até os 10 anos...)
Do contrário, só o dinheiro, muito
dinheiro, os torna
suportáveis!
Conscientizamo-nos de que se não
formos assim, tão elásticos, nem nossos próprios filhos aceitaremos, ainda que
espelhem, há por certo exceções, exatamente aquilo que lhes transmitimos ou
deixamos de transmitir. São, em última instância, a mais pura essência do nosso
proceder: renegar o filho é como renegar a si mesmo: é preciso, antes, um
espírito de autocrítica inexorável. Mesmo quando os filhos não fazem o que
queremos fica a pergunta: será que insistimos o suficiente? Abordamos o problema
do jeito certo? Fomos, de fato, o exemplo adequado?
O que se fez é passado.... Coisa
curiosa: aprendemos que o passado é mais importante para o bandido, para o
ladrão, àquele que cumpre ou cumpriu pena... Até para o ex-viciado: “Ah,
coitado! Era viciado! Mas seu empenho, sua força de vontade, fê-lo abandonar o
vício... Depois de ter vendido todos os bens de família, deixar mulher e filhos
na miséria... Coitado!” Ter tido um passado de trabalho, de inteligência, de
prudência — ó ação pouco praticada e tão criticada —, é lugar comum que não
merece menção: não se fez e foi mais do que a obrigação!
O que cabe, a essa altura, não são ‘novas providências’
para velhas questões; mas tão somente ‘manter o espírito aberto’. De tudo, a
certa altura da vida, resta o consolo de se deixar bem claro que o silencio, a
aceitação, não implica em tolice, idiotice, senão num cinismo necessário à
convivência que, a bem da verdade, diz mais respeito à
sobrevivência...
Que guerra é essa...
Na Wikipédia (Casualties of the
Iraq War), enciclopédia de caráter duvidoso que assola a Internet, vejo que o
"Wikileak", um site que se encarrega de fazer vazar informações dos
governos, informa 109.032 mortes, inclusive 66.081 civis, de janeiro de 2004 a
2009 no Iraque.
Outro site (icasualities.org) informa 4.804 mortes
nas forças de coalisão pela libertação do Iraque, de 2003 a 2012 e 3.188 mortes
nas forças de coalisão do Afeganistão de 2001 a 2012.
De outro lado, quanto ao conflito
árabe-israelense, verifico num site (www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/History/casualtiestotal.html) que o número de mortos entre judeus/israelenses e
árabes/palestinos foi, respectivamente, 10.892 e 7265 de 2000 para cá e 24.526
e 90.785 desde 1920, aí incluídas a guerra da independência de Israel, a
Campanha do Sinai, a Guerra dos Seis Dias, etc...
Tudo junto, dá uns 150 mil
mortos...
E não posso deixar de lembrar a
fala de Moreira da Silva que, "Na Subida do Morro", samba de breque
que assolou os anos sessenta (há quem afirme que seriam “anos sessentas” (!?!),
a certa altura, diz: "Vocês botem terra nesse sangue / Não é guerra, é
brincadeira / Vou desguiando na carreira...” (http://letras.mus.br/moreira-da-silva/202343/)
— Sempre achei que era “vou desviando na carreira”, até conferir a letra agora.
Isso porque recebi um artigo de
Luiz Flávio Gomes intitulado "Delitômetro: a cada 9 minutos um assassinato
no Brasil" (http://jus.com.br/revista/texto/22642/delitometro-a-cada-9-minutos-um-assassinato-no-brasil#ixzz272RlQa4i)
Para este ano de 2012 estima-se,
prestem atenção, estimativas são feitas com base naquilo que sabemos, há,
porém, inúmeras mortes que nem chegam ao nosso conhecimento, que 50.823
homicídios serão registrados no nosso Brasil maravilhoso...
E me pergunto que guerra é essa
(?) lá do Israel, Palestina, Iraque, Afeganistão, etc... Esses números
(oficiosos é bem verdade), face à estimativa brasileira (que segundo o artigo
cresceu pouco menos de 2% no último ano, de onde depreendo que nos últimos dois
anos ficam aí pela casa dos 50.000 mortos por ano), só podem ser, mesmo,
guerras de brincadeira.
Segundo Zazão, meu amigo que já se
foi, quando eu lhe disse que minha diabetes andava na casa dos 180 (referia-me
à taxa glicêmica), ele me disse: “Isso é coisa de bicha, a minha é de 920!...”
Morreu, coitado!
Não teria comentário melhor ao
comparar as mortes das citadas guerras com os números do Brasil: “Aquilo é
coisa de bicha!”
E assim morremos nós, numa onda de
homicídios que ultrapassa as guerras tão faladas na TV, nos jornais, agora nos websites.
De forma silenciosa, sob a demagogia dos políticos, proselitismo de candidatos
e incompetência generalizada das autoridades...
A guerra é aqui!
Ainda esta semana vi noticiário de
que a polícia paulista, só este ano, em confronto com bandidos, havia matado
pouco menos de trezentas pessoas. Todos bandidos? Não sei!... E nos morros do
Rio de Janeiro as Unidades Pacificadoras (vamos tirar um “P” por que este já
nem conta mais) estão sendo dizimadas por bandidos e, por sua vez, dão o troco...
Mal dado... Bem sei... Entendam como quiseram...
Bah! Essas guerrinhas de merda lá
no Oriente... — É coisa de bicha!
Quero ver como esses soldadinhos
se virariam aqui... — 50.000 mortes por ano — SEM GUERRA —, na boa! No mínimo!
No Morro do Alemão, do Macaco, Osasco, Jaçanã, Jardins ( — com Mercedes Benz e
Ferraris !?!), sem falar nas Minas Gerais, no Sul Maravilha e ao norte do país,
onde as mortes acontecem e nem ficamos sabendo... Será que lá ainda tem a
“volante” da época do Lampião?
Amanhã vou sair de casa... Um tremendo risco...
(mas eles podem entrar aqui também...) Desarmado... Só bandidos têm direito a
AKs, EMEs-16 (ainda existem?) e até FALs da nossa gloriosa forças armadas...
Amanhã quero ver quem é o Rambo... Quem é a Hilary... Quem é o Obama...
“Vocês botem terra nesse sangue / Não é guerra, é brincadeira”.
Aqui no Brasil temos o BOP, a ROTA e outras forças que produzem heróis anônimos, cujas famílias, quando perdem seus guerreiros, ficam a ver navios...
Talvez os mesmos onde devessem ser embarcados grandes corjas... E afundados nos cafundós das nossas 200 milhas... Belos viveiros para peixes em prol da natureza...
— EU NÃO FALEI ISSO!
Amanhã quero ver quem é o Rambo... Quem é a Hilary... Quem é o Obama...
“Vocês botem terra nesse sangue / Não é guerra, é brincadeira”.
Aqui no Brasil temos o BOP, a ROTA e outras forças que produzem heróis anônimos, cujas famílias, quando perdem seus guerreiros, ficam a ver navios...
Talvez os mesmos onde devessem ser embarcados grandes corjas... E afundados nos cafundós das nossas 200 milhas... Belos viveiros para peixes em prol da natureza...
— EU NÃO FALEI ISSO!
Puri asini
Regozijamo-nos, todos, ao sintonizar a TV Justiça (a TV Estadão, o site do STF e outros também estão transmitindo quase ao vivo) e ver nossos ministros empenhados “em fazer justiça”...
“I meri leggisti somo puri asini! *
* Os que
são meros juristas são puros asnos!
Assim
entendeu o MAIOR jurista da Idade Média, Bartolo de Sassoferrato (1313-1357)
Que
ensinou Túlio Ascarelli (1903-1959)
Que ensinou
Rubens Gomes de Souza (1913-1973)
Que
ensinou Alfredo Augusto Becker (1928-1993)
Que
ensinou Renato Sebastini Ferreira (1935-2008)
Que me
ensinou... (1953-
Para
mim, que conheço pelo menos meia centena de empresas cujos futuros dependem de
decisões do STF há mais de 10 anos, não tenho dúvidas em fazer minhas as
palavras do antigo ministro EROS GRAU, que afirmou que as decisões jurídicas,
porque jurídicas, são políticas...
E nessa
trilha observo, a par do descalabro de uma série de atos de corrupção, o
verdadeiro despreparo dos ministros que estão a julgar o mensalão para com o
dia-a-dia empresarial e, assim por dizer, até com a cultura nacional... Não
digo “a cultura”, porque nessa essa pátria é néscia.
Refiro-me
à ética e a moral que o brasileiro observa no dia-a-dia para viver e conseguir
reunir-se, ao final do dia, para beber cerveja (com amigos?) numa mesa de bar.
Certo
dia, quando ainda não se havia alastrado a aberração que é o instituto da
substituição tributária, quando fiscal ia de empresa em empresa para
“fiscalizar”, e computador era ficção, um dos meus pares, com isso quero dizer
“contador”, perguntou-me se sabia o porquê do brasileiro “não chiar” com os
tributos que lhe eram impostos. Com isso ele se referia às pequenas e até
algumas empresas maiores que ele atendia em seu escritório contábil. Exaltei a
atitude comodista e cordata do povo brasileiro, a falta de vontade para lutar e
ele me disse: “Não é nada disso. É que se sonega tanto que se se quiser provar
a exorbitância dos tributos acabar-se-á por demonstrar a exorbitância da
sonegação.”
Bem,
como sabemos, ainda que hoje ainda persista a sonegação, a exorbitância ficou
mais por conta da tributação; isso graças a uma necessidade desvairada de
satisfazer o superávit primário (aquele que se destina ao pagamento de juros) e
a mais formidável máquina de informação jamais montada pelo fisco de um país
que, no final, custa, talvez, mais caro ao contribuinte do que até mesmo os
tributos — despendemos vinte vezes mais do que o segundo país em horas dedicadas
a atender a tributação: somos os campeões!
Isso sem
contar o clima de insegurança que existe quanto à possibilidade de informações
errôneas; hoje não mais por intenção — as multas são escorchantes e endossadas
pelo judiciário —, mas em decorrência da complexidade tributária.
Ainda
sob a égide do FHC uma dia o Renato Ferreira (acima mencionado) disse-me:
“Vivemos
hoje um estado de sítio tributário maior do que a ditadura militar.”
E pouco
depois, de uma penada, o PIS e COFINS passou a incidir sobre tudo, e o ICMS
passou a ser previsto em lei para a simples circulação física da mercadoria e
não mais a econômica, e passamos a tributar o fato futuro.
E.T.:
Tudo com o aval do nosso sacrossanto Supremo Tribunal Federal (Ah!,Enno Becker!
Como fostes ingênuo!).
E as
teorias do abuso de forma e interpretação do fato econômico voltaram a erguer
homenagens a Enno Becker, consagrando-se a responsabilidade tributária objetiva
e a disregard douctrine na mais legítima “kultur germânica” como diria
Becker, o outro, refiro-me aqui a Alfredo Augusto...
Isso não
é um estudo, nem mesmo um artigo jurídico-tributário, mesmo assim gostaria de
ver o povo saber o que está pagando de tributo em cada grão de arroz que
consome, em cada café que bebe, em cada trago que toma, em cada gota de remédio que põe
na boca do filho... Cá entre nós, eles podiam aliviar ao menos o uísque (!) e a
água de côco (!!)... Eu morreria de fome... Mas feliz!
Mas nada
disso importa aos senhores ministros do STF. Suas Excelências ressaltam e
repetem e repetem as mesmas coisas por horas, dias a fio, para gozar da fama
que a mídia propicia... É curioso isso: Sinatra já era famoso, mas fazia de
tudo para aparecer no cinema. O mesmo se pode dizer de grandes músicos... Há algo
nisso que fascina?... Tem ministro sendo aplaudido em Shopping Center, como se
fosse uma astro do cinema ou um artista de TV a fazer uma aparição pública...
Pouco se
lhes importa se as grandes fortunas seguem sem taxação, se o fisco toma
antecipado o dinheiro do trabalhador para devolvê-lo somente no ano seguinte,
quando já lhe tomou outro, se os servidores federais, dos correios, etc., foram
surrupiados em seus salários ao longo dos anos do Plano (Ir)Real, que perpetuou
a situação do Brasil como país do futuro... Ele será, para sempre, o país do
futuro! Não exportamos um produto industrializado... Nenhum... Nem um...
Pouco se
lhes importam que as inconstitucionalidades perpetradas pelos governos solapem
a cada dia os brasileiros, lhes “tirem a tanga” com previu Alfredo Becker. Têm-se
de tudo no STF: poetas, glutões, exibicionistas, interesseiros... Isso é o que
mais tem... Interesseiros...
Eu não
tenho dúvidas de que serão muitas as condenações! Mas quero ver “o depois”...
Quem irá para a cadeia no “Day After”...
E, ao
final, tudo continuará a correr da mesma forma para o brasileiro comum: seus
casos serão julgados com dez anos de atraso... No mínimo... Familiares serão
escassamente reembolsados naquilo que os titulares do direito não puderam
auferir: morreram antes...
E nós, frente
à TV, assistimos impassíveis ao espetáculo e contentamo-nos em dizer amém às
decisões.
Serão
elas verdadeiras “balas de prata” como se disse?
O tempo
se encarregará de dizer e, quem viver, verá!
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