Sobre as músicas do blog... Não devem ser consideradas simples "fundos musicais" para os textos... Foram escolhidas com carinho e apreço, dentre o que há de melhor... São verdadeiras jóias que superam em muito os textos deste humilde escrevinhador... Assim, ao terminar de ler certo texto, se houver música na postagem, termine de ouví-la, retorne, ouça-a novamente se toda atenção foi antes dedicada ao texto... "interromper uma bela música é como interromper uma boa foda... Isso não se faz!..." Por último, se você conhece uma música que, na sua opinião, combina melhor com o texto, não deixe de enviar sua sugestão...

Textos Curiosos








 


Aqui tem de tudo um pouco. Poesias. Textos Jurídicos. Trabalhos escolares. Etc. Bastou o texto apresentar algo de diferente para merecer sua aposição nessa página.
Divirtam-se!

A Temperatura do Inferno


Pergunta feita pelo Dr. Fernando, da FATEC em sua prova final.

Este doutor é reconhecido por fazer, em suas provas finais, perguntas do tipo:  Por que os aviões voam?“

Sua única questão na prova final de maio foi:
O inferno é exotérmico ou endotérmico?   Justifique sua resposta.
Vários alunos justificaram suas opiniões baseados na Lei de Boyle ou em alguma variante da mesma, um aluno, entretanto, Sérgio Fonseca, escreveu o seguinte:
Primeiramente, postulamos que se almas existem então elas devem ter alguma massa. Se elas têm, então um mol de almas também tem massa.
Então, a que taxa as almas estão se movendo para fora e a que taxa elas estão se movendo para dentro do inferno? Eu acho que podemos assumir seguramente que uma vez que uma alma entra no inferno ela nunca mais sai.
Por isso nãoalmas saindo. Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma olhada nas diferentes religiões que existem no mundo hoje em dia.
Algumas dessas religiões pregam que se você não pertencer a ela, você vai para o inferno. Comomais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos projetar que todas as pessoas e almas vão para o inferno.
Com as taxas de natalidade e mortalidade do jeito que estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no inferno.
De outro lado, olhemos à taxa de mudança de volume no inferno. A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem as mesmas, a relação entre a massa das almas e o volume do inferno deve ser constante.
Existem, então, duas opções:
1) Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele explodir.
2) Se o inferno estiver se expandindo numa taxa maior do que a entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se congele.
Então, qual das duas?
Se nós aceitarmos o que a menina mais gata da FATEC me disse no primeiro ano: “haverá uma noite fria no inferno antes de eu me deitar com você”.
E levando-se em conta que ainda NÃO obtive sucesso na tentativa de ter relações sexuais com ela, então a opção 2 não é verdadeira. Por isso, o inferno é exotérmico.”
 — O aluno Sérgio Fonseca tirou o único 10 na turma.

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Romance Gramatical



Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

 Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

 E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele, um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.


O substantivo gostou dessa situação, os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.

 O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador para, só com os dois lá dentro.

“Ótimo!” — pensou o substantivo — Mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.”

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar. Só que em vez de descer, sobe e para justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar...

 Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente. Abraçaram-se numa pontuação tão minúscula que nem um período simples passaria entre os dois.

 Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula, ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

 Ela totalmente voz passiva... Ele, voz ativa!

 Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.

Ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal.

Que loucuuraaa, minha gente! Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Autoria desconhecida.



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Conto Matemático

"Às folhas tantas do livro de matemática, um quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita.



Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do ápice à base. Uma figura ímpar olhos rombóides, boca trapezóide,corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua uma vida paralela a dela até que se encontraram no infinito.

"Quem és tu?" - indagou ele com ânsia radical.

"Eu sou a soma dos quadrados dos catetos, mas pode me chamar de hipotenusa".

E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética, corresponde a almas irmãs, primos entre-si.

E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz, numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento e da paixão retas, curvas, círculos e linhas senoidais.

Nos jardins da quarta dimensão, escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas e os exegetas do universo finito.

Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas e, enfim, resolveram se casar, constituir um lar mais que um lar, uma perpendicular.



Convidaram os padrinhos: o poliedro e a bissetriz, e fizeram os planos, equações e diagramas para o futuro, sonhando com uma felicidade integral e diferencial.

E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos e foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal, vira monotonia.

Foi então que surgiu o máximo divisor comum, freqüentador de círculos concêntricos viciosos, ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, quociente percebeu que com ela não formava mais um todo, uma unidade.

Era o triângulo tanto chamado amoroso desse problema, ele era a fração mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade e tudo que era espúrio passou a ser moralidade, como, aliás, em qualquer Sociedade ..."

Millor Fernandes

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Lição de matemática


Pra que dividir, sem raciocinar...
Na vida é sempre bom multiplicar!

E por A mais B,

Eu quero demonstrar

Que gosto imensamente de você!


Por uma fração infinitesimal,

Você criou um caso de cálculo integral.

E para resolver este problema,

Eu tenho um teorema bana:l



Quando dois meios se encontram, desaparece a fração.

E se achamos a unidade,

Está resolvida a questão!


Prá finalizar, vamos recordar

Que menos por menos dá mais, amor!

Se vão as paralelas

Ao infinito se encontrar,

Por que demoram tanto os corações a se integrar?

Se infinitamente, incomensuravelmente,

Eu estou perdidamente apaixonado por você.

Marino Pinto e Tom Jobin


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