'Woman Lying on Canvas' - Ismene Daskarolis - 2010 - Tecnica mista |
Ser finória...
Não fosse meu senso de lógica e consciência de que minhas experiências não retratam sequer infinitesimal parte do que há de ser compreendido como comportamento humano normal, afirmaria serem, todas as mulheres, finórias...
Ser “finório” é ser esperto, ladino, manhoso, sagaz. É valer-se de astúcia enganosa mediante a aparência da ingenuidade...
Há, aqui no blog, em “textos de outros escritores”, um bem conhecido que fala a respeito de “outro tipo de mulher nua”... A mulher que insiste em escamotear seus atos, suas experiências... Parece-me que há uma espécie de latente desejo mórbido em se fazer de ingênua, simular, dissimular: a mulher se despe, se arregaça. mostra e dá seu sexo, mas não abre seus sentimentos, tampouco expõe seus feitos... O que foi, o que fez, o que realmente pensa e deseja... É como se em cada mulher repousasse uma puta que tem medo de deixar de ser considerada ao ter o passado descoberto... Acaso putas não merecem consideração?
Se, no entanto, essa condição afigura-se como inata à mulher, com o que se é inteiramente possível conviver, ela se agrava na medida em que a mulher, e aí é preciso convir que nem todas, “trabalha por debaixo da mesa”, a falar, dizer e fazer coisas que, “elas sabem”, se forem pegas, magoarão muito mais do que a simples infidelidade — há várias formas de infidelidade... Mas, ilógica e irracionalmente, fazem mesmo assim...
E há aquelas, e também aqueles, porque se vê esse comportamento em homens também, que, com o fito exclusivo de ilidir os opróbrios cometidos, que as vezes nem chegam a tanto, porém assim pensam, atribuem qualidades e defeitos ao outrem, como se isso, de per si, bastasse para justificar suas ignomínias...
Ora, só os idiotas imaginam que verdades repousam nas versões que lhes chegam. Seja lá sobre o que for... Há, pois, de tudo, no mínimo duas versões: a contada e a verdadeira... Dizia certo amigo, três versões; incluía, aí, a versão “do outro lado” também... Fato é que dificilmente a verdade se coaduna inteiramente com as versões apresentadas; por isso há sempre uma “outra versão”...
Mas no caso da mulher, há, assim, uma espécie de “quarta versão”, que não é a verdadeira, porque esta ela sabe qual é — e por vezes nós também —, tampouco é a “versão dela”, isto é, aquela que conta para as amigas e até para a polícia se for o caso... A “quarta versão” é aquela que ela “quer que acreditemos” quando ela quer se dar, quer se entregar; não digo isso no sentido estrito do sexo; todos nós, em algum momento, desejamos nos entregar "de corpo e alma". Esta é a versão que exacerba a “finoriedade” feminina, onde ela sabe que sabemos que não pode ser, que não é a verdade, mas insiste em assim colocar...
E o homem que ama, ou mesmo aquele que só quer cama, porque nesse ponto não faz diferença — as mulheres na condição exposta tratam a todos do mesmo jeito —, tem que se colocar como crente; não pode jamais indagar sobre “a verdade”, ou “verdades”.... Nada de arguir sobre aquelas “verdades verdadeiras”... Isso seria tirar-lhes a condição de Pandora... Se as mulheres passassem a responder, deixariam de ser finórias”... Condição que se aparenta tão boa... Só verdades verdadeiras... Mas, a bem da verdade — outra —, não sei se conseguiríamos conviver com elas...
Assim posto, como disse de início, isso tudo é só impressão, que meu senso lógico impede conjecturar, como aplicável ou sequer teorizável... Mas não de fazer provocação...
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Excepcionalmente abordo o fato de que na pesquisa da imagem para este post duas outras figuras pareceram-me apropriadas. Como parte da provocação apresento-as abaixo e deixo, ao caro leitor, o exercício de julgar minha escolha e elucubrar as razões desta, assim como das demais figuras selecionadas.
Woman in a box' - 2007 - Helene Lopes Codrescu - óleo sobre tela | 'Woman in church' - 2010 - Sergey Ignatenko - óleo sobre tela |
"O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece".
"Le cœur a ses raisons que la raison ne connaît point"
Blaise Pascal in "Les Pensées",
"Le cœur a ses raisons que la raison ne connaît point"
Blaise Pascal in "Les Pensées",
muitas vezes erroneamente atribuído a Willian Shakespeare.
Rendo especial homenagem, neste post, para:
Blase Pascal - Polímata |
Chet Baket - Trompetista |