'Enigma' - 2011 - Ulla Wobst - óleo sobre tela |
Enigma
Que enigma, charada indecifrável carregas...
Enteléquia que encerra ambas as acepções:
de realização plena de uma tendência transformativa e...
Nongonongo!
Cuja luz do olhar transforma-me em licnomante...
Reduz-me à condição de taumaturgo...
Que ao penetrar-te transforma-se em harúspice
A profetizar forma de ser... Do seu ser...
Teu proceder...
Que cubo mágico de infinito lados compões...
Viro, te reviro, torço, te contorço...
Estrincas, destrincas, retorces...
Nada revelas...
Tento, em violenta avulsão, extrair-te a espontaneidade...
Mas és mulher...
Vestida com um tipo de albonoz
cujo capuz torna-lhe a mente inescrutável...
E acaso não são assim todas as mulheres?
Policiadas, sofrósinas, colecionadoras de prudências...
Cujas misandrias sobrevêm-se às cópulas... Os amores...
— Homens prá quê? Senão prá isso?
Ou desvairadas, de doces loucuras...
Vinganças infindas e incomensuráveis...
Que enigma é você?
Que abres em flor e te fechas em copas...
Que dás a entender que tudo sei,
porém confirmas que coisa alguma jamais saberei...
Que tipo de enigma és tu...
Que segredos carregas...
Ó esfinge que me assombra..
Me devora... Me apavora...
Eis a sedução do mistério; enigmas sempre desafiam nossa capacidade de observar, de prosseguir, de desvendá-los. São instigantes e nos mantém em estado de angústia e inquietação. Nada mais enfadonho que a obviedade, a precisão. Por vezes, o cartesiano frustra. A mulher é um ser enigmático por natureza e creio que ai está sua beleza, seu sabor e seu encanto. Um poema carregado de aflições, com colocações muito interessantes. Discordo com relação às misandrias,como também com a alusão às necessidades em relação aos homens. Penso eu, que no final das contas, toda mulher quer ser desvendada e amada pelo homem que escolheu.
ResponderExcluirIset