Fora da realidade...
A vida não é poesia... Nem se deve buscar transformá-la em tal. Imagine se a vida virasse poesia, para ser vivida NOITE E DIA... A poesia se vulgarizaria...
E seria de infinita tristeza que todos os sonhos acabassem na pobreza de poderem ser vividos, de fato sentidos, relatados... Deixariam de ser sonhos...
Há-se, pois, de na vida fazer-se poesia, porém não dela própria, eis que assim se dissecaria a capacidade de enxergar-se o belo; nem mesmo Narciso foi capaz de amar a si próprio e sobreviver... Digo-lhe que poesia é para ser sentida. A vida para ser da poesia fonte de inspiração, nunca anseio de imitação...
Há de se lamentar ou almejar, hoje e sempre, o que relatam as poesias, mas não se alcançar na vida dessegredo que a torne daquela arremedo, posto que quando a vida a imita, aquela de desgosto se irrita: tornar-se tão acessível, perde seu status de arte, da vida passa a tomar parte...
Assim faz o poeta, que tira da vida a inspiração. Pode até viver da poesia, mas não tenta vivenciá-la; sabe que só a consciência e discernimento possibilita a continuação da sua obra... Viver de poesia não é viver a poesia...
Viva, pois, a vida com intensidade, não tema as desventuras, os dissabores, e siga captando dela aquilo que te faz poeta, deixe que tuas poesias exprimam desejos, paixões e frustrações; tuas próprias ilusões, lembranças e saudades, mas não tentes transformá-las em realidades.
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