Cerejas
Pendo minha cabeça para meu próprio corpo...
Visualizo-te...
Tocas para mim canção de inefável elã.
Com afã bebes líquido de embriaguez suspeita,
alucinógena, euforizante, posto visível seu bem-estar.
Aderno-me contagiado pela sua joie de vivre,
tomo sua taça, bebo incessantemente,
deleito-me com o efeito narcotizante,
adormeço sobre a mesa de pernas torneadas,
cuja decoração indefectível
traz sombras sensuais à borda da taça.
Fruto ou não da alucinação,
ao despertar faço do teu corpo trampolim,
mergulho para o fundo da taça,
ganho lucidez vivaz
que se alastra pelo meu corpo,
faz-me vibrar
de tal forma ritmado,
a aflorar todas as cerejas
existentes ao fundo do cálix que,
estranhamente,
se enche mais
e mais a cada trago.
E à minha visão apego-me
infantilmente, demente,
contente, noite após noite,
e à claridade do dia também,
Busco em tua imagem abrigo,
Como não estás seguro do poder e da beleza de tua poesia? Quem, em sã conciência ou inconsciência,seja na razão ou no torpor da paixão, não se deixaria embriagar bebendo nesse cálice que transborda magia,amor e encanto? Eu simplesmente não tenho palavras que traduzam fielmente a emoção que assola-me nesse momento.
ResponderExcluirIset