Sobre as músicas do blog... Não devem ser consideradas simples "fundos musicais" para os textos... Foram escolhidas com carinho e apreço, dentre o que há de melhor... São verdadeiras jóias que superam em muito os textos deste humilde escrevinhador... Assim, ao terminar de ler certo texto, se houver música na postagem, termine de ouví-la, retorne, ouça-a novamente se toda atenção foi antes dedicada ao texto... "interromper uma bela música é como interromper uma boa foda... Isso não se faz!..." Por último, se você conhece uma música que, na sua opinião, combina melhor com o texto, não deixe de enviar sua sugestão...

Num passe de mágica...

Música deste post (é bem melhor com música):"I Cover the Watefront" de Johnny Green com letra de Edward Heyman, foi inspirada no romance escrito com o mesmo nome por Max Miller, em 1932. Aqui a interpretação é de John Birkes "Dizzy" Gillespie (1917-1993), uma figura maior do jazz e precussor do be-bop junto com Charlie Parker e Thelonious Monk.




Num passe de mágica
 
Num passe de mágica
desmaterializo-me e,
 pela força do desejo,
transporto-me à distância
do seu estar.

Posto-me invisível,
furtivo, colado,
carrapatado em teu costado.

Teço meu cabelo ao seu.
Propositalmente, com volúpia,
esfrego minha barba, arranho-lhe a nuca.

Em lenta descida,
corro meus lábios sobre teu dorso
serpenteio-te com meu corpo,
à altura dos seios,
para tomar-lhe os mamilos.
Beijo-os como se houvera
nunca antes assim feito.

E retrocedo no tempo
porque aquele que queremos
é o que sempre é.

Não me vês,
não me enxergas,
sou só energia que te acerca,
que inexplicavelmente te envolve.

E me sentes. Ah como me sentes!
Trêmula, em direção contraria
teus pelos assumem,
incontido arrepio.

E como maior energia
se sobrevenha,
acabas por sentir o peso do
meu corpo.

E, em erótica genuflexão,

te colocas de joelhos,
de modo a ver o esplendor
do teu próprio sexo,
inexplicavelmente intumescido,
lábios úmidos, escancarados...

Como possuídos por Priapo!
Mas de Afrodite e Dionísio
o filho não se faz presente...

Há tão somente desejos,
  energias circungirando
que se apoderam de ambos,
a milhas de distância...

E traduzem, na mais solene
crueza humana,
as transformações almejadas
pela alma, desejadas pela mente...

Irrefreáveis pelo corpo!


 

Um comentário:

  1. E que energia!!! Desejos incontroláveis..quase palpáveis....Voltarei para ler...e dizer mais.

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